Para Ghemawat o ambiente do setor em que a organização opera tem forte influência
sobre seu desempenho econômico. O autor parte da análise de três estruturas, segundo
ele mais genéricas, que foram apresentadas como soluções para a formulação de cenários de
negócios: análises individuais da oferta-demanda de mercado, estrutura de “cinco forças”
proposta por Porter para análise de setores e a “rede de valor” apresentada por Adam
Brandenburger e Barry Nalebuff.
Segundo Ghemawat a teoria da oferta e demanda é uma das primeiras tentativas de análise de
cenários, esta teoria baseia-se que interação entre oferta e demanda determina um preço
natural.
A estrutura das cinco forças:
Este modelo tem como base para a elaboração de cenários a utilização das cinco forças (ou 5
Forças) competitivas de Porter.
A rede de valor:
Com o passar dos anos a estrutura das “cinco forças” de Porter sofreu rearranjos e a
incorporação de outras variáveis. Novos tipos de participantes foram agrupados à análise. Para o autor, a mais bem-sucedida tentativa de generalização da
estrutura envolve a rede de valores criada por Adam Brandenurger e Barry Nalebuff. A rede
de valor enfatiza o papel crítico dos complementadores (dos quais clientes adquirem serviços
ou produtos complementares, ou para os quais os fornecedores comercializam recursos
complementares).
A partir de abordagens do cenário dos negócios o autor propõe uma abordagem para o
planejamento e à ação estratégica. Segundo o autor, o principal
objetivo do mapeamento de cenários não está em identificar se a organização opera acima ou
abaixo dos padrões do setor em que opera, mas compreender as razões pelas quais a
organização sofre variações e incorporá-las às ações estratégicas. Desse modo, Ghemawat
propõe um processo que consiste em seis passos:
Etapa 1 - Coletar informações: mapear cenários de negócios com adequado nível de
detalhamento geralmente requer um considerável volume de informações. Em função disso,
há vantagem em se pensar de forma extensa a respeito das fontes de informação de forma a
enriquecer esta etapa com as mais diversas fontes possíveis.
Etapa 2 – Estabelecer limites: decidir sobre os alcances e limites do cenário a ser estudado. A definição do escopo pode ser realizada de três formas: escopo
horizontal (produtos e mercados), escopo vertical (cadeia fornecedor-comprador) e escopo
geográfico (locais, regionais e nacionais). O autor, no entanto, observa que devido às complexidades dos escopos não existe uma forma perfeita de determinação de fronteiras em
cenários de negócios. É nesse sentido que Ghemawat evidencia a importância da definição
clara dos limites e a consistência no tratamento de identificação do que faz parte dos cenários
dos negócios, ao invés de buscar a maneira correta de se estabelecer suas fronteiras.
Etapa 3 - Identificar grupos de participantes/atores: além da identificação dos principais
participantes/atores que deverão ser considerados na construção dos cenários – concorrentes
diretos, entrantes potenciais, substitutos, complementadores, compradores e fornecedores – o
autor recomenda atenção para alguns procedimentos, como:
- Classificar os grupos de participantes de modo claro e consistente, com base na
perspectiva do setor para o qual a análise está sendo realizada;
- Identificar subgrupos, como, por exemplo, de fornecedores;
- Prospectar novos participantes, não se limitando a seguir a tendência de
centrar-se somente nos participantes existentes.
Etapa 4 – Compreender o poder da negociação do grupo: após a realização dos passos
anteriores, deve-se, segundo Ghemawat, compreender o poder de negociação do grupo. Essa
análise é direcionada pela ideia de que o exame estrutural pode ajudar na identificação de
participantes que irão competir fortemente para conquistar fatia de mercado.
Etapa 5 - Pensar dinamicamente: deve-se tentar entender o negócio a partir da perspectiva
do futuro, ou seja, de como deverá ser e não como foi no passado ou é atualmente. Segundo o
autor, o pensamento dinâmico sobre como o cenário de negócios mudará ao longo do tempo
mostra-se de grande utilidade e também desastroso ao antecipar mudanças de forma
equivocada. O autor enfatiza a necessidade de se fazer distinção entre
dinâmicas de curto e longo prazo. A figura três exemplifica algumas das mudanças que
podem afetar mais de um conjunto de relações e refletir ciclos de longo prazo.
Etapa 6 - Adaptar e moldar o modelo de cenário de negócios: após ter mapeado as
delimitações do setor e ter identificado as relações entre os grupos de participantes, os
administradores devem utilizar esse conhecimento para ações estratégicas. Ghemawat
acrescenta que existem diversas possibilidades de usos para a análise de cenário, incluindo-se:
- Antecipar desempenhos de longo prazo;
- Identificar grupos de participantes que devem ser repelidos para obtenção de bom
desempenho;
- Testar decisões para entrada/saída ou investimento em algum setor;
- Avaliar os impactos de uma mudança significativa no cenário de negócios e adaptar-se
à mesma;
- Identificar formas de adaptar o cenário de negócios.
Ainda segundo Ghemawat, o principal objetivo de se fazer o exercício de
mapeamento de cenários é o de sugerir formas através das quais as empresas podem se
adaptar e moldar os cenários nos quais estão inseridas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário